Os melhores contos de faroeste - seleção de Jon E. Lewis
Primeiro livro do tema "fatos históricos" e décimo do ano do Desafio Literário 2012. Achei o livro na papelaria / livraria da cidade, a Oceano. Temos também a Letra, que é banca / café / 1,99 / boutique / papelaria / livraria. Estava custando dez reais e não resisti. Gosto de filme de faroeste, adorava ler a coleção de Tex do meu pai e aproveitei a pechincha sorrindo. Demorei um ano pra começar a ler e terminei em um mês. E adorei!
A edição é da José Olympio, tradução de Roberto Muggiati, 374 páginas. Tem introdução importantíssima e, de brinde, uma lista com 100 dos melhores romances do gênero. Eu até sonhava que iria libertar depois de ler, mas agora... vai ficar pra sempre por aqui. Mas eu empresto, viu? Ida e volta!
Deserto, deserto, deserto... |
São 17 histórias e todas são ótimas. Tem autorzão, Mark Twain, O. Henry, Jack London e Elmore Leonard, mas a maioria eu nunca tinha ouvido falar, porque o estilo não é muito difundido hoje em dia no Brasil. Já foi, e eu troquei no skoob uma edição dos anos 80 de um dos autores. Foi pra imensa fila, logo eu leio.
Não tem nenhuma história ruim, não tenho NENHUMA crítica. Ou melhor. As primeiras páginas descolaram... snif. Vou ter que fazer uma lambança aqui e colá-las. Chatinho. Mas irrelevante.
Cartaz da filmagem de 1952 |
100% faroeste, notaram?
Quando começa a nevar, o grupo decide acampar em uma cabana abandonada. Um casal, que está fugindo de outra cidade para se casar em Poker Flat se soma ao grupo. A inocência dos noivinhos amolece o coração do pessoal diplomado em sevirol e a neve chega. Brrrr... o frio dá pra sentir nos ossos, ainda mais agora, no inverno. Tudo é muito bom, as emoções dos personagens, as conversas entre eles, as histórias de cada um, a descrição do clima invencível e o final. Que eu não vou contar. Pra quem quiser ouvir em inglês, tem audiobook livre aqui, entre outras histórias do mesmo autor. Fino.
John Ford filmou a história em 1919 e houve várias outras filmagens. Essa cena e o cartaz são da produção de 1952.
Seis estranhos em uma cabana. E a neve chegando... |
Na página 100, a história de Willa Carter, "Nas montanhas rochosas". A história é de 1896 e conta como o colono bruto se apaixona pela filha de um vizinho, que por sua vez, se apaixona por um rapaz da cidade bem mais polido e arrumadinho. Não posso falar quase mais nada que é spoiler, mas acaba sendo mais realista que muito Sparks de hoje em dia.
Capa americana, lindona! |
"Vinho no Deserto", de Max Brand, é outra história boa, escrita em 1936. Segundo o organizador, é a melhor história desse autor, as outras são descartáveis. Mas essa é incrível. Um foragido da polícia busca refúgio no oásis de um amigo, produtor de vinho... no deserto. É um vale lindo, onde toda a água da chuva é armazenada em tanques de metal para irrigar as vinhas durante o tempo seco. E não posso falar mais nada sem estragar a história. Todas elas podem ser resumidas em quatro linhas. O que não tira a beleza de ler aos pouquinhos, pelo contrário. Então. Essa é ótima também. E dá muita sede!
A próxima história perfeita (só assim para separar o muito bom do muito bom) é "Emmet Dutrow", de 1953, escrita por Jack Schaefer, autor do romance que originou o clássico "Os brutos também amam". Emmet é o vizinho recém-chegado de um colono já estabelecido, que narra a história. O mais antigo vai dar as boas-vindas à família, como manda a boa educação, mas o novato recusa toda a ajuda: é sua função prover a família de tudo o que ela necessita e não precisa de nada e de ninguém. Mas o filho de Emmet, Jess, tem 19 anos e quer conhecer mais do mundo... mesmo contra a vontade do pai. Relações entre pais e filhos são parecidas em todos os tempos e lugares...
Acho que o mais interessante em histórias de faroeste (e de colonização como um todo) é que os mais preparados sobrevivem. Ou você é esperto E forte E saudável E habilidoso E insensível E amoral, ou nada feito. Não tem lugar pra preguiça numa terra a desbravar. Não tem lugar para medo, não tem lugar para filosofias. É um olho nas costas e matar pra não morrer. Mas aí tudo isso não serve pra nada quando, finalmente, a colonização tem efeito e se estabelece uma cidade, com leis, Estado, hierarquia, famílias, luta de classes... aí o que importa mesmo é a capacidade de se relacionar com os outros.
E dá um alívio por não ser assim hoje em dia... Nos aventuramos e passamos todo o estresse e adrenalina cobertinhos no sofá, tomando café quente com o filho dormindo aquecido e seguro no quarto ao lado. Sem (muito) medo de clima, bandido, polícia ou dançarinas de can can com faca na bota. Ufa!
Outra resenha do livro na Veja.
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Mais Desafio Literário 2012:
- O livro do contador de histórias chinês, Michael David Kwan
- Oriente. Ocidente, Salman Rushdie
- A jogadora de go, Shan Sa
- Unhas, Paulo Wainberg
- A mulher do viajante no tempo, Audrey Niffenegger
- Pinóquio, adaptação de Guilhaume Frolet
- Clara dos Anjos, Lima Barreto
- O rapto das cebolinhas, Maria Clara Machado
- Cozinheiros Demais, Rex Stout
Outras resenhas:
- Noite e Dia, Virginia Woolf;
- A melhor HQ de 1980;
- Água para elefantes, Sara Gruen;
- Buracos, Louis Sachar;
- Preconceito Linguístico, Marcos Bagno;
- Minha estante e sir Bernard Cornwell;
Hum, me lembro de quando a biblio da escola onde estudava ganhou uma coleção de gibis o Tex, vários, que não me atraíram a princípio, pois eram em preto e branco e a concorrência com a Turma da Mônica não era justa. Alguns anos depois li um ou dois, e gostei bastante, mas sabe como é gibi em biblioteca, é folha rasgada/faltando/colada. E o melhor destas coletâneas é a oportunidade de se conhecer novos autores.
ResponderExcluirBeijos.