A mulher do viajante do tempo - Audrey Niffenegger

Ei! Primeiro livro de junho? É... eu estava lendo meio que por obrigação a Ana Karênina (eu sempre, sempre, falei Karenína) e o Dom Quixote. Nenhum estava me dando tesão. Dom Quixote, na verdade, está me "arrepunando" de tanta angústia. Então ele soltou Ali Babá e os quarenta ladrões? Não acredito nisso... E o Tolstoi é um pouquinho tedioso. Queria ler com o corpo todo, alguma coisa que me fizesse pirar um pouquinho. Larguei tudo e catei um que eu imaginava que iria gostar. Aí fui pra junho, li, voltei pra minha timeline do presente e estou aqui contando como é o livro pra vocês.
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Clare criança e senhor Henry no Campo. Sim, tem um clima tenso. |
Conheci o livro pelo filme. Peguei um pedacinho dele entre um canal e outro, mas só comecei a assistir mesmo da cena do casamento pra frente. Ãn fãn. Vou falar bastante sobre o enredo, eu não ia contar spoilers, mas acabei contando. Gatinhos e letras vermelhas avisam vocês, não se preocupem. Podem ir lendo.
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Uma das primeiras capas deixava a tensão bem clara! |
Clare é a "mulher do viajante no tempo" do título. O primeiro encontro com Henry é numa dessas viagens. Ela está no Campo, uma clareira da propriedade da família onde vai passar um tempo sozinha de vez em quando. Mas é esquisito. Ela tem 6 anos de idade e ele, 36. Ele já a conhece do futuro. Ela nunca o viu mais pelado antes. Bom, ele é educado e não aparece constantemente pelado pra menininha, pede que ela lhe empreste a toalha do piquenique e deixe umas roupas por ali, de reserva. E por uma maluquice de seja lá quem for que rege as viagens no tempo de Henry (a Audrey, obóvio), ele vem várias vezes para o Campo e encontra Clare por muitos anos. Doze. Até o aniversário dela de 18 anos.
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É, dr. Brown! Nós aprendemos a lição direitinho, esse gráfico não saiu da minha cabeça durante a leitura do livro. |
Antes de continuarmos, pausa pros gatinhos dizendo que tem spoiler daqui pra frente:
E tudo vai caminhando a partir daí. Seguimos mais ou menos o tempo presente, com as óbvias viagens no tempo do Henry nos contando mais sobre o passado dele e sobre os encontros com Clare no Campo. Mesmo que Henry nunca realmente abuse dela, ele obviamente a seduz, e muito. Então esse sufoco que começou meio Lolita, o homem maduro que se envolve com a menininha piora. Gravemente. Clare fica presa no relacionamento, presa na espera. "Eu não o escolhi, ele não me escolheu". Pobrezinha, alguém tem que avisar a ela que o adulto sempre tem escolha. Sempre. Ele não precisaria dar um caderno a ela com todos os dias em que iria aparecer no campo. Assim ela não iria esperá-lo em cada dia. E assim por diante. Henry é ativamente culpado pelo "amor sem escolha" da Clare.
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Montagem com várias capas, na resenha da Mônica. Ela leu um livro bem mais romântico do que o que eu li. |
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Outra capa, agora remetendo às mulheres de marinheiros... essas sabiam MESMO esperar. |
E eu acho que já passamos dessa fase "início de século", quando o bom era ser artista blasé intelectual poser. Lembram deles? Escrevendo "Afff..." e "Humpf" pra demostrações animais de humanidade? É, eu lembro. O livro é de 2003, quando gastronomia, arte e decoração eram o tesão do mundo e vendia livro de qualquer coisa, até chick lit de viagem no tempo. Agora enchem o saco. Pulei um tantinho essas partes, mas confesso que gostei quando o blábláblá era sobre livros e punk rock. Os trechinhos com punk renderam dois posts legais. Um já saiu, a lista de bandas do Henry.
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Audrey, sua intelectual poser... tão anos 2000! |
Mas eu gostei do livro, que pra mim acabou sendo um bom suspense psicológico. E chega de resenha!
Três estrelinhas. Em cinco.
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Mais Desafio Literário 2012:
- Clara dos Anjos, Lima Barreto
- O rapto das cebolinhas, Maria Clara Machado
- Cozinheiros Demais, Rex Stout
Outras resenhas:
- Noite e Dia, Virginia Woolf;
- A melhor HQ de 1980;
- Água para elefantes, Sara Gruen;
- Buracos, Louis Sachar;
- Preconceito Linguístico, Marcos Bagno;
- Minha estante e sir Bernard Cornwell;
Também falo Karenína!
ResponderExcluirQuero tanto esse livro!!!
Vi o filme e achei muito fofo, adorei as viagens no tempo.
Im agino que o livro seja até melhor!
=*
Com todas as críticas pertinentes, ainda assim gostei muito do livro e recomendo a leitura!
ResponderExcluirNossa, julgando pela resenha esse livro parece meio tenso, rs. Mas curiosamente, isso acabou despertando minha vontade de lê-lo, sendo que ele nunca tinha chamado minha atenção antes...
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirAdorei a sua resenha! Sim, tem um quê de terror psicológico no amor entre Clare e Henry... e foi isso que detestei no filme, porque enquanto no livro é a Clare que se sente sem escolhas, no filme a sensação é que é ela que manipula o Henry (a cena dela querendo transar com ele no carro é um exemplo disso).
As outras bizarrices que vc menciona não me incomodaram... afinal o que é uma família com empregados à la século XIX num livro sobre um cara que viaja no tempo??? Faz parte da loucura da história rsrsrsrsrs
Abraços!
É um livro "sui generis" no quesito estranheza. O que, a meu ver, resulta original. Talvez por isso, tenha me deixado absorver pela história desde as primeiras linhas. Bjs
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