Grifei num livro do GRR Martin

Um dos meus ditados favoritos é "Em terra de lobos, aprenda a uivar". Também conhecido nas Terras do Verão do GRR Martin:

"Homem que queira ser rei dos coelhos é bom que use um par de orelhas de abano." - A Dança dos Dragões, edição portuguesa.
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Eu já havia lido os primeiros capítulos quando saíram como amostra. E agora, lendo de novo, não consegui deixar de me arrepiar, mais uma vez, com uma cena. Os dragões de Danaerys já estão grandes e ela os deixa voar e caçar à vontade. Paga aos criadores pelas reses perdidas, desde que eles tragam os ossos até ela para provar. E então:
"Um homem deixou-se ficar para trás enquanto os outros enfileiravam para sair; um homem atarracado com uma cara queimada pelo vento, andrajosamente vestido. O seu cabelo era um barrete de ásperos fios negros arruivados, cortado em volta das orelhas, e segurava numa mão um saco de pano miserável. Mantinha-se de cabeça baixa, fitando o chão de mármore como se se tivesse esquecido de onde estava. E que quer este? perguntou Dany a si própria.
  — Ajoelhai todos para Daenerys Filha da Tormenta, a Não-Queimada, Rainha de Meereen, Rainha dos Ândalos e dos Roinares e dos Primeiros Homens, Khaleesi do Grande Mar de Erva, Quebradora de Correntes e Mãe de Dragões. — gritou Missandei na sua voz aguda e suave.
Quando Dany se pôs em pé, o seu tokar começou a deslizar. Apanhou-o e voltou a pô-lo no lugar.
— Tu com o saco — chamou — querias falar conosco? Podes aproximar-te.
Quando ele ergueu a cabeça, tinha os olhos vermelhos e em carne viva como chagas abertas. Dany vislumbrou Sor Barristan a deslizar para mais perto, uma sombra branca a seu lado. O homem aproximou-se arrastando os pés como quem tropeça, um passo e depois outro, agarrando-se ao saco. Estará bêbado ou doente? perguntou a si própria. Havia terra por baixo das unhas rachadas e amarelas do homem.
— O que é? — perguntou Dany. — Tens alguma injustiça para nos apresentar, alguma petição a fazer? O que queres de nós?
A língua do homem passou nervosamente por lábios gretados e estalados.
—  Eu… eu trouxe…
— Ossos? — disse ela com impaciência. — Ossos queimados? Ele ergueu o saco e derramou o seu conteúdo no mármore. E eram ossos, ossos partidos e enegrecidos. Os mais longos tinham sido partidos para a obtenção da medula.
— Foi o preto — disse o homem, com um rosnado ghiscariano — a sombra alada. Desceu do céu e… e… Não. Dany estremeceu. Não, não, oh não.
— Estás surdo, palerma? — perguntou Reznak mo Reznak ao homem. — Não ouviste a minha proclamação? Apresenta-te amanhã aos meus agentes e as ovelhas ser-te-ão pagas.
— Reznak — disse Sor Barristan em voz baixa — domina a língua e abre os olhos. Aquilo não são ossos de ovelha. Pois não, pensou Dany, aquilo são os ossos de uma criança. 
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Tenho que rir de mim mesma, me arrepiando com histórias de dragões queimando crianças.

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Voltando ao ditado, sigo uma filosofia derivada do original: "quem não sabe uivar, ou não quer aprender, não procure os lobos". É um pouco covarde e muito inocente, eu sei, mas é tranquilo aqui no Condado.

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Já burlei minha listinha e minhas diretrizes. Estou lendo juntos os dois, já que se passam no mesmo tempo, com personagens diferentes e um não influi na trama do outro.

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