Duna e Talia, parte 2: E vamos aos negócios

"Duna e Talia" é uma historia inventada a muitas "mãos". Ela aconteceu em umas três ou quatro sessões de RPG em 2002 ou 2003. Eu era a Talia, uma atriz e dançarina famosa, bonita e esperta. Duna e Sagan foram "nascidos e vividos" por dois amigos meus, o Tiago e o Jorge. O mundo, "Fasantia", e a estrutura do enredo foram criados pelo nosso narrador, o Eduardo.

DUNA E TALIA

Parte 2 - E vamos aos negócios

(criada por Eduardo, Sharon, Tiago e Jorge)


Na primeira parte da história, Talia ajuda dois rapazes a encontrarem um trabalho de resgate de mercadorias roubadas e resolve tentar a empreitada também. Leia aqui.


Talia chega na sede da guilda "Agulha e Linha" quando o último dos jovens, o mais gentil, está se apresentando para o senhor Tremelassé, o orgulhoso e arrogante chefe da guilda, frequentador assíduo  da Taverna... e um dos maiores conhecedores de vinho da cidade também. O jovem dizia, em um tom decidido:

- Com licença, senhor! Atendo por Vagante das Dunas e estou à procura de trabalho! Vi seu anúncio na Taverna dos Bravos e gostaria de me candidatar. Venho das terras do deserto e tenho vasta experiência com viagens, carregamentos, escaramuças, combates solo e em equipe, desmantelamento de quadrilhas, ataque a acampamentos de bandoleiros, investigações, rastreios, resgates de donzelas...

- Sim, sim! - o chefe parece convencido. E Talia está até um pouco impressionada, o rapaz é convincente. Temelassé continua:
- Como é mesmo o seu nome... Viajante da Areia?
- Vagante das Dunas, senhor! Também conhecido como Duna, simplesmente.
- Está certo... melhor assim. Senhor Duna. Então você tem experiência, meu rapaz... muito bom. O outro moço que se apresentou é forte e decidido, mas mal acabou de sair dos cueiros...
- Ei! - Sagan se levanta de um banco onde estava sentado, irritado. - Eu sei lutar! Eu, eu...
- Calma rapaz... você já está contratado, lembra-se? Mas precisa de uma cabeça pra te guiar, você sabe disso... - vira-se para Duna. - Muito bem, então, senhor Duna. Está contratado. Vocês terão que ir até o esconderijo dos assaltantes, localizado em algum ponto entre a nossa cidade e Velho Carvalho e trazer a carga e o líder do bando incólumes. O restante do bando não interessa. São 5 peças de prata pelo serviço.
- Nada feito, diz Duna. - Uma peça de ouro ou nos juntamos aos bandoleiros e vendemos sua carga.
O senhor Tremelassé, ao contrário de Talia, não parece acreditar no blefe, mas sorri:
- O senhor sabe negociar, senhor Duna... mas não posso pagar uma peça de ouro para dois rapazes... não tenho garantias de que vão executar o serviço da forma correta!

Talia percebeu a deixa e adiantou-se:

- Dois rapazes e uma mulher! Desculpe interrompê-lo, senhor Tremelassé, mas eu também estou interessada nesse serviço! O senhor me conhece há anos, sabe que eu sei me defender bem quando é preciso...
- Err... senhorita Talia! - o chefe da guilda parecia ultrajado - Que desplante! Uma mulher combatendo bandidos da pior espécie! Eu nunca permitiria!
- A não ser que essa mulher fosse ótima com facas, não? Vamos lá, Tremelassezinho... o senhor já viu o que eu faço...
- Você vai atrapalhar os rapazes! Atrasá-los! Eu preciso da carga o quanto antes!!!
Duna interrompeu:
- De forma alguma, senhor Tremelico... ah...senhor! A senhorita não atrapalharia... pelo contrário, uma mulher viajando conosco seria inclusive um bom disfarce... 
Sagan emendou:
- Eu defenderei a senhorita Talia, senhor!
- Era exatamente isso que eu temia, meu rapaz, vocês querendo defender a senhorita indefesa ao invés de atacar o bando... mas tem razão, senhorita Talia... você sabe se virar e eu sei disso. Temos pressa em reaver este carregamento e creio que a senhorita é a melhor pessoa para reconhecer os panos mais valiosos, que precisam ser carregados com mais delicadeza. Assim não vou precisar enviar um dos meus aprendizes de alfaiate com vocês. Os deuses sabem que todos são mais covardes que uma mocinha... Mas tome cuidado, não quero conflitos com seu patrão se você for machucada e não puder mais se apresentar...
- Sócio, senhor, eu sou sócia do Jones e da Guta.
Tremelassé faz um gesto de impaciência com as mãos, como se os enxotasse:
- Muito bem, muito bem, detalhes não importam. Vocês já sabem de tudo e o preço está acertado. Uma peça de ouro. Estou pagando metade agora para o senhor Duna, e o restante vocês recebem na entrega da mercadoria. Se ela estiver intacta, como combinamos. Venham, vou mandar selar cavalos para todos.

E partiram. Sagan estava contente com seu primeiro trabalho como homem de ação e começou a falar sobre como mataria os bandidos com o seu machado. O primeiro ele pegaria de cima pra baixo, o segundo de lado a lado, o terceiro... Duna e Talia bem que tentaram se deixar contagiar pela empolgação simples do rapaz, que nunca havia encontrado bandidos de verdade antes... mas, em Travessia dos Bravos, e, em qualquer outro lugar que conhecessem, as pessoas aprendiam depressa que a vida é um negócio frágil. E que armas, se não matam, machucam fundo. Nada era muito fácil, fosse você um viajante saído do deserto ou uma moça sozinha tentando viver por seus próprios meios.

Depois de quatro horas de cavalgada, Duna pede silêncio. Estão chegando a uma pequena aldeia, no encontro de um riacho com o rio principal da província, o Garças Azuis. O lugar era bem simpático.  As cabanas eram pequenas e, pelas redes, barcos e apetrechos se percebia que a maioria dos habitantes trabalhava com pesca... tudo era sombreado por grandes e pequenas árvores frutíferas, aqui e lá.... mas estava tranquilo, tranquilo demais. Duna perguntou aos companheiros:

- Vocês já estiveram aqui? Moram famílias, crianças?
- Sim, sempre tem crianças correndo por aqui... - lembra Sagan, percebendo o que Duna quer dizer. - Sempre tinha crianças, é claro, até que os bandidos chegaram...
- Eles não nos perceberam, responde Duna. - Vamos voltar um pouco, desmontar e esconder os cavalos.

---
Fim da segunda parte. Quinta-feira que vem: "O resgate dos ricos panos".

Comentários

  1. E começa a jornada ;)Tô cada vez mais curioso pelo que vai acontecer, e Talia continua bastante simpática ;) Muito bom.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Atividades offline com dinossauros!

Problemas da Literatura Infantil, Cecília Meireles

Poemas para brincar, José Paulo Paes