Bordados, Marjane Satrapi

Primeiro livro do tema "graphic novel" e décimo sétimo do ano do Desafio Literário 2012. A edição é da Quadrinhos na Cia, 2010. Comprei na Estante Virtual.

Marjane é iraniana. Nasceu em um regime democrático e de liberdade  religiosa, em que as mulheres tinham mais autonomia, podiam se vestir como bem entendessem e estudavam em escolas mistas. Quando ela tinha uns 8 anos de idade, uma revolução estabelece a ditadura teocrática que perdura até hoje. A vida de todos os iranianos mudou muito, mas as das mulheres mais ainda.

Ela conta tudo isso no seu livro mais famoso, "Persépolis", que também virou filme. E é uma das minhas HQs favoritas, uma das melhores de todos os tempos, sem dúvida nenhuma

Mas essa resenha aqui é sobre outro livro dela, o "Bordados", que, assim como o Persépolis, fala sobre a vida das mulheres iranianas, mas com outro enfoque, o das relações amorosas. No início, Marjane conta de um costume familiar. Após o almoço, os homens vão dormir e as mulheres, lavar a louça. Quando o serviço está terminado, elas se reúnem para tomar chá e conversar, sobre a vida delas e as vidas alheias. A avó de Marjane tinha uma visão bem específica sobre o hábito da fofoca:

"Falar dos outros pelas costas
é ventilar o coração..."
Então Marjane conta, nesse livro, de um dia especial de conversa, quando as mulheres de sua família contam sobre seus casamentos, amores e sobre sua vida sexual, com muito bom humor. Algumas histórias são engraçadas mesmo, e outras, mais tristes, ficam divertidas pela interpretação que as parentas dão. Uma delas, por exemplo, nunca tinha visto o marido nu.


Uma delas casou com um homem que morava no exterior. Na manhã seguinte à noite de núpcias, consentiu que o marido levasse as jóias que ganhou de presente de casamento para o país onde morava, pois isso iria facilitar a ida da esposa. Mas o bandido (de verdade), pede divórcio e fica com tudo. Outra das mulheres presentes, Parvin, tem um olhar bem crítico sobre o acontecido:



Ela é ótima! O "bordado" do título não é o nosso ponto cruz, não... é a cirurgia de reconstituição de hímen, muito comum no Irã... e o que a Parvin acha disso?


Né mesmo, minha gente?

A vida no Irã não é muito diferente da nossa não... toda mulher (do mundo) é meio Leila Diniz!

Cinco estrelinhas. Em cinco.

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Mais HQs aqui.

Comentários

  1. Eu já pensei em comprar esse livro, não comprei pq estava lisa na época! #PobreÉdOSE RSR

    Sou apaixonada por Satrapi e concordo com você Persepolis é genial em muitos sentidos, um registro maravilhoso.

    Ótima resenha!

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  2. Adorei o final com a citação sobre a Leila Diniz. Mas tb gostei da opinião da avó sobre a fofoca. Às vezes falo mal das pessoas pra jogar fora as afrontas q elas me fizeram, é mais um desabafo do que necessidade de pixar a pessoa. A história da catraca tb foi boa kkkkkk

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  3. Lindo. Adoro a Marjani e quero muito as graphic novels dela pra mim! Além de Persépolis e Bordados, tem Frango com Ameixas que ela fala do tio. E virou filme também, mas não é de animação.

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  4. Adorei a resenha e, sem dúvida, Bordados está na minha lista de livros desejados! Sou fã do trabalho da Marjane, sou fã de quadrinhos e ter contato com trabalhos de artistas vindos de partes diferentes do mundo abre os nossos horizontes de entendimento e de interpretação. Beijo.

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  5. Nossa, agora eu fiquei com uma baita vontade ler esse livro.

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